No dia 1º de junho, o jovem município de Urupema completa 36 anos de emancipação. O aniversário é celebrado justamente no mês que tem início a estação mais fria do ano, o inverno.

É que a cidade é considerada a mais gelada do País, situação que foi oficializada em novembro do ano ado, por meio da Lei nº 14.255/2021 assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Desta forma, Urupema tornou-se a Capital Nacional do Frio.

O frio intenso atrai milhares de turistas a cada ano e sempre que esfria, o município se torna cada vez mais famoso devido a imagens deslumbrantes de geadas e nevascas registradas no perímetro urbano e principalmente na área rural.

A cidade da Serra Catarinense compreende uma área de 353 KM . Sua altitude média é de 1.425 metros, a mais alta do Estado, situação que em partes explica as baixas temperaturas.

Mas além do clima, a população tem o mérito de preservar o meio ambiente. Possuidora de importantes nascentes e águas límpidas, Urupema é uma das poucas cidades do mundo a criar no riacho (Rio Caronas), bem no centro da cidade, a sensível Truta Arco-íris, peixe que somente sobrevive em águas frias e limpas.

A prefeita Cristiane Muniz Pagani Almeida avalia o município

Folha da Serra_ Ao completar mais um ano, como a senhora analisa a situação socioeconômica do município?

​Cristiane Muniz Pagani Almeida _ Como prefeita de Urupema, posso afirmar com orgulho que avançamos de forma significativa nos últimos anos. Nosso município tem mostrado resiliência e crescimento sustentável. Temos investido no fortalecimento do pequeno produtor e no apoio aos empreendedores. A economia vem se diversificando, com destaque para o turismo, a agricultura de qualidade e a valorização dos nossos produtos locais. Ainda há desafios, é claro, mas o saldo é muito positivo e seguimos trabalhando com planejamento e responsabilidade.

O turismo vem em uma crescente. A senhora sempre se preocupou em integrar o artesanato e os alimentos produzidos pela comunidade neste segmento. Como está essa questão?

Essa integração tem sido uma prioridade na nossa gestão. Acreditamos que o turismo só é realmente sustentável quando ele beneficia diretamente a nossa população. Por isso, estamos fortalecendo os circuitos locais, onde o visitante pode experimentar produtos coloniais, apreciar nosso artesanato e conhecer de perto a cultura urupemense. Criamos feiras, incentivamos eventos temáticos e buscamos parcerias para dar visibilidade ao que é feito com tanto carinho pela nossa gente. O resultado disso é mais renda para as famílias e uma experiência mais autêntica para quem nos visita.

O turismo também pode se valer da produção agrícola, a exemplo da maçã e da uva?

Com certeza! A agricultura é uma das nossas grandes riquezas, e a produção de maçã e uva tem um potencial turístico enorme. Temos trabalhado para integrar essas atividades ao turismo rural, oferecendo ao visitante a oportunidade de vivenciar colheitas, conhecer os processos de produção e até participar de degustações. Isso não só valoriza o agricultor, como também amplia a permanência dos turistas na cidade, gerando mais oportunidades para todos.

E a expectativa com o inverno?

O inverno é, sem dúvida, uma das épocas mais esperadas em Urupema. Por sermos a capital nacional do frio, atraímos turistas de todo o país em busca da nossa paisagem congelada e do charme serrano. Nossa expectativa é muito positiva. Hotéis, pousadas e restaurantes estão se preparando, o comércio está otimista e nós, como gestão, estamos organizando uma estrutura acolhedora e segura para receber a todos. Esperamos uma boa temporada, com impacto direto na economia local.

O que a comunidade pode esperar da programação alusiva à data?

Foi preparada uma programação especial, com foco na valorização da cultura local e na participação da comunidade. Teremos apresentações culturais, feira de artesanato, atividades para as crianças e shows. Será um momento de celebração, de reconhecimento ao trabalho de todos que constroem Urupema diariamente e de fortalecimento dos laços entre moradores e visitantes. Convido a todos para participarem com a gente e viverem esse momento tão especial.

Histórico

O povoado de Santana foi fundado em 25 de março de 1918, por Manoel Pereira de Medeiros. Em 1923, houve a criação do Distrito de Santana, pertencente a São Joaquim. Em 31 de março de 1938, elevou-se à categoria de vila. No ano de 1944, foram encontrados registros com o nome de Urupema, que significa uma espécie de peneira usada pelos índios. A emancipação istrativa do Município foi alcançada em 04 de janeiro de 1988 e sua instalação em 1º de junho de 1989.

De Sant’Ana a Urupema 

O espírito aventureiro, o desejo e a necessidade de conquista de novos horizontes; a extensa região do Planalto Catarinense, mais tarde conhecida como os “Campos de Lages” despertou o interesse de famílias, ou mesmo de aventureiros de outras partes do país, notadamente de São Paulo.

No episódio da Fundação do povoado de Sant’Ana (hoje Urupema), seduzida pelo que afirmamos acima, veio a família “Pereira de Medeiros”, e aqui juntou-se à outras que estavam fixadas em São Joaquim, então pertencente à Lages.

Com o transcorrer do tempo algumas famílias, como Pinto de Arruda, Machado, Souza, Ribeiro, Borges, Alves, Pagani e outras, foram ocupando o interior da região de São Joaquim, já transformado em Município e Comarca.

Consta, conforme Antonio Rodrigues Lisboa, no Livro Memórias de Um Século, de 1990, que a família Pereira de Medeiros veio em uma expedição procedente da Ilha dos Açores para povoar o litoral de Santa Catarina, talvez depois de 1711, ano em que a coroa Portuguesa teria comprado, do Marquês de Cascaes, as terras doadas por D. João XI a Pedro Lopes de Souza em 1534. Essas terras eram chamadas de terras de Sant’Ana.

A família Pereira de Medeiros localizou-se na região de Palhoça e Aririú, onde ainda hoje existem muitos descendentes, quatro deles são os troncos da família de São Joaquim. Três ficaram na região onde hoje é Urupema.

Fotos: Prefeitura de Urupema / Divulgação